quarta-feira, 11 de março de 2009

A Pos-Vida de Jesus!

Todo mundo conhece essa história: o carinha branquelo, pregadão lá na cruz, pagando por nossos pegados. ressucitou depois de 3 dias, pegou o elevador do céu, e talz... Pois é, isso é importante de ser lembrado... Mas ninguém jamais se preocupou em saber o que aconteceu com o cacôco depois que cara saiu fora! Criaram o culto pra ele, naquela casinha bonitinha, com o ta do "padre", e beleza! Esqueceram do cara! Muita sacanagem com o nosso bode espiatório! Mas ele serviu ao propósito da vontade do cara lá de cima, então tá tudo certo!

Depois de questionar durante toda uma semana (se foi o dia todo é muito... ^^) essa história de Jesus, resolvi consultar minha glândula pineal, afim de buscar maiores informações!

Sentei-me na "Postura do Camelo-Manco", tradicional dos povos judaicos antigos, e comecei a meditar. Quando me concentrei, me encontrava em um ambiente escuro, como se flutuasse na escuridão. Um tanto estranho, porém, confortável ao mesmo tempo. Não pensava em me mover. De repente, um cheiro muito forte atingiu essa escuridão. O incômodo foi certo! Comecei a me movimentar e decidir averiguar de onde vinha, mesmo sem enxergar nada (afinal, era um cheiro, não precisava de olho). O cheiro se intensificou, tornando-se uma mistura de enxofre com bunda de gambá! Enquanto me movimentava, sentia como se tentáculos bem pequenos, parecidos com cabelos, encostavam de leve a minha pele. Não podia vê-los, mas a sensação do toque não era agradável. Quando ouvi um som, resolvi parar. O próprio som parecia me dizer pra fazer isso. Era um ruído totalmente agoniante, misturando várias sons distorcidos ao mesmo tempo. Tentei me concentrar no som, enquanto tentava me acalmar. Percebi que o som falava, enquanto misturava som. A mensagem era um tanto estranha e de difícil compreensão: "Estou fraco, filho... Meu alimento falta... as pessoas não tem fé em mim... Precisas descer... Salvar teu pai...

Imadiatamente, como uma janela que se abre de repente numa sala escura, a luz invadiu o local por um pequeno espaço, me cegando por alguns instantes. Quando pude olhar novamente, vi que o pequeno orificio mostrava uma paisagem. Um cenário árido, muito seco, com árvores escassas e retorcidas. O sol parecia castigar aquele lugar. No cenário, havia uma casa, daquelas de taipa, muito pequena e destruida. Me adimirei em ver pessoas do lado de fora. Um homem alto, negro e muito magro, com a maioria de seus ossos a mostra. A mulher estava agachada, tentando selecionar alguns grãos de milhos comestíveis, no meio de vários esturricados. Ela também parecia muito magra, mesmo que estivesse com a barriga anormalmente grande. "Deve estar grávida" pensei. Foi quando o ruído voltou mais forte, escondido na escuridão que restava no local. Agora podia ver seus tentáculos negros, balançando em frente a pouca luz do local, e pareciam derreter aos poucos, como algo que se desfaz devagar. Tive que me concentrar pra encontrar a voz novamente. "Vá... Resta-me pouco tempo... vá... e me faça viver!" disse, em meio à bagunça de chiados. Quando um ponto de luz surgiu na sala e se encaminhou pra janela, resolvi fazer o mesmo. Não queria ficar perto daqueles tentáculos nem...

Agora estava acima da casa, naquele sertão sem fim. Quando procurei pela luz que passou antes de mim, percebi que se dirigia a mulher. Em um movimento circular, a luz entrou na barriga da mulher, que imediatamente, recebeu um impacto interno. Uma confirmação. Estava realmente grávida. Mesmo com aquela cara magra, ela esboçou um sorriso. Por mais que fosse difícil viver alí, eles teriam um momento de alegria. "Ô Zé!" gritou a mulher enquanto se levantava, numa mistura de desespero e alegria. O marido correu pela casa, até chegar onde estava a mulher. "Quê é, Maria?" disse ele, "Pra quê esse desespero?". " Ele chutou! O menino chutou!". O homem, que antes parecia estar a beira de cair, deu um sorriso renovador, enquanto abraçava a mulher. Nessa hora, tomei um supapo, como se fosse arremessado pra frente.

Abri os olhos, e percebi que estava sobre um deserto... Não parecia diferente da paisagem anterior, a não ser pela quantidade aparentemente infinita de dunas. Logo a frente, havia um jovem rapaz a caminhar. Seu rosto estava exausto e triste. O manto que o cobria parecia pequeno demais pra ele. Não carregava nada consigo. Ao chegar ao topo de uma duna, ele avistou um pequeno vilarejo. Continuou sua caminhada!

Chegando a cidade, vi aquele homem que eu acompanhava sem saber por que, se transformar, ao chegarmos a praça principal. Assumindo uma postura mais ereta, pude ver sua face. Aquele rosto cansado agora é o de um jovem bastante diferente das pessoas daquele lugar, com cabelos ondulados, pele branca e olhos azuis, parecia um europeu que caiu de pára-quedas por aquelas bandas. Ele encheu seus pulmões e começou a falar, em alto e bom tom: "Senhoras e senhores! Venho de muito longe e minha caminhada foi árdua. Agora, em troca de comida e água, venho oferecer meus serviços. Faço todo tipo de milagre! Curo cegos com barro, faço aleijados caminharem, e até ressucito os mortos. Venham todos! Satisfação garantida ou sua comida de volta! (Não garantimos a devolução da comida no seu estado original. Consulte nosso atendimento para maiores informações)".
Aos montes, as pessoas traziam seus enfermos e pacotes com comida e água. Estranhamente o jovem possuia realmente tais poderes. Com um pouco de barro, que ele mesmo fez jogando água no chão, curava cegueira e males de visão. Com algumas porradas, botava os aleijados pra caminhar e o frenesi era geral. As pessoas agradeciam por aquela presença ali. Foi uma tarde inteira de milagres.
No final da tarde, enquanto o sol soltava seus últimos feixes laranjados pelo céu, o jovem, sentado sob uma árvore, se fartava com a comida que acabara de receber. Quando já estava satisfeito, o Sol já estava quase no final, entrando no horizonte. Foi então, que de dentro do seu manto (não me pergunte de onde) ele tirou uma zabumba, que reluzia. Enquanto ele fazia pequenos ajustes no instrumento, fiquei observando. A zabumba parecia ter uma estrutura de galhos de árvores, alguns deles espinhosos (nesse momento me lembrei da cara de tristeza dele, ao caminhar), que faziam a acústica do instrumento. A pele do instrumento pareciam vários couros, um costurado ao outro. Pobres calangos, não tiveram chance... Devido a aparência do instrumento, duvidei que o rapaz conseguiria tocá-lo! Quando empunhou suas varetas, feitas do mesmo material que a armação, respirou fundo e começou a soltar um canto. Imediatamente, aquela escuridão inicial e a criatura que lá vivia me vieram. Por mais que fosse mais suave e um tanto encantador, o canto da rapaz parecia muito com os ruídos daquela criatura. Pensei que precisaria me concentrar novamente pra tentar entendê-lo, mas o jovem começou a cantarolar uma cantiga baixinha, batucando na zabumba, enquanto o chiados se seguiam. O som tomou um novo ar! Parecia que a simples batida daquele tambor mal-feito havia mudado toda a idéia da música. Não pude prestar atenção na letra, pois a batida fazia uma ondulação em todas as coisas, fazendo surgir imagens na minha mente. O jovem cantava, de olhos fechados, enquanto o sol ia se deitando, devagar. A música, muito parecida com o Baião, parecia fazer uma orquestra sozinha, devido ao jogo de sons diferentes. E quando o sol soltou seu último feixe, o jovem parou, quase que na mesma hora, finalizando sua música. Durante todo o tempo havia me mantido imóvel, e só quando a música acabou é que percebi que do meu rosto, escorriam as mais salgadas lágrimas. Enquanto via minha mão molhada do meu choro, tomei outro supetão, e fui arremessado pra trás.

Vi novamente aquela casinha perdida no sertão. Na porta, uma cena bizarra: aquele negro magrelo e sua esposa estavam deitados no chão. Duas feições eram visíveis em seus rostos: a velhice, que parecia atacar mais rápido naquele estado deplorável... e a Morte! Ambos estavos vazios. Novamente, fiquei confuso. Percebi, a alguns passos dos dois, um jovem, com roupas menores do que ele, ajoelhado ao chão, chorando! "É o filho daqueles dois!" pensei. O jovem gritava palavras de fúria contra os céus. Por mais que aqueles dois fossem pais daquele garoto, eles não se pareciam em nada. A pele clara, os cabelos ondulados e olhos azuis. Enquanto eu o observava, em acesso de fúria o jovem se levantou e começou a correr por uma estrada que seguia da frente da sua casa. Eu o segui durante vários dias. Ele passava por casas e vilarejos pedindo comida e água, conseguindo um pouco aqui e ali. E continuava sua caminhada. Ocorreu-me um estalo e o rapaz, agora, parecia ter mais de 20 anos, porém suas roupas eram as mesmas, e continuava na mesma situação de esmolé! Depois de algum tempo, avistei aquelas dunas, pra mim já familiares. O jovem não pareceu exitar a imponência do desesto. Continuo sua caminhada. Sem comida ou água, ele adentrava cada vez mais e mais em meio aquele mar de areia. 3 dias se passaram e o jovem já não aguentava o passo. Sua vista se embaraçou e, em um tropeço, rolou duna abaixo. Quando finalmente parou, mal conseguia respirar. Com os olhos fechados e a boca cheia de areia, pensei que aquele cabôco estava nas últimas. Me aproximei numa tentativa de ajudá-lo, mas minhas mãos atravessavam seu corpo, como se fosse uma miragem... Talvez eu fosse a miragem...

Naquele momento, o jovem abriu os olhos lentamente e focou sua visão para o lado. Havia um arbusto! Naquela imensa sequidão, havia um arbusto ali... E queimava! O arbusto ardia em chamas! Mesmo assim, suas folhas continuavam verdes e lindas, como se estivesse no solo mais fértil! O jovem, por mais que sem forças, se arrastou até o arbusto. Quando se aproximou, um ruído surgiu de dentro do arbusto. Aquele som, já familiar, incomodava até as dunas. O jovem tentou tapar os ouvidos, mas o som era absurdo. O barulho se intensificou, causando pânico em mim. Pensei em sair do local, na tentativa de acabar com aquele barulho, mas um voz soou junto do ruído: "Geruz...! Geruz...!", disse a voz. O jovem arregalou os olhos. "Geruz é o nome dele?! Que cabuloso! O.o", pensei. "Sim, aqui é Geruz falando!" disse o jovem, cuspindo areia enquanto falava (boa resposta ¬¬).
- Não chegue mais perto. Tire os sapatos, pois você está pisando em terra santa. Sou o Deus dos seus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.
- Não sei quem é essa galera, mas continue... Meus pés estão me matando!
- Tenho visto as aflições do meu povo no Egito, e ouvi seu lamento.
O jovem parecia confuso
- Sei quanto têm sofrido.Vim libertá-los das mãos dos egípcios. Vou levá-los para uma terra boa, onde há muito leite e mel.
- Cara, pra um cara como eu, morrendo de fome, essa história de "leite e mel" muito agrada! Mas que porra é essa de Egito??
A voz silênciou... E voltou com o som de mil trovões:
- Caralhoooo! Sabia que essa idéia de usar o mesmo discurso não ia dar certo!
O jovem deu um pulo pra trás, tamanho foi o susto.
- Meu jovem, é o seguinte. Prazer, eu sou seu pai. Eu sou Deus, sacou?! Você é meu filho! Filho de Deus... Tá entendendo agora?!
O jovem, ainda mais assustado, apenas respondeu positivamente com a cabeça.
- Olha só, a situação é a seguinte: O negócio tá feio aqui, rapaz. Tô passando fome. A galera num acredita em mais nada. Tô perdendo clientes em todo o mundo. Já não se fazem católicos fervorosos como antigamente. Até o filho da puta do Macedo... Só pensa na grana, aquele safado. Nem pra fazer a porra do culto direito! Caralho! De qualquer forma, te mandei pra terra pra me ajudar.
- E-E-e o q-q-quê o sen...nhor q-q-quer que e-e-eu... faça? disse o jovem, tremendo de medo, sem entender nada de nada!
- Dãããã... Quero que você faça as pessoas a acreditarem em mim! Não é óbvio?! Sem isso, eu não sobrevivo. Nem me lembro mais como era antes, mas não tô afim de voltar. Quero continuar meu legado aqui na terra mesmo. Já desenvolvi bem aqui, posso continuar. E você vai fazer o trabalho duro...
O jovem estava tão confuso que não ousava mais responder.
- Beleza! Saca só o plano: Você sai por aí, só de rolê mesmo, sem dificuldades. Espalha a minha palavra, faz um milagre aqui e alí, e vai fazendo seguidores. Faz umas orações legais, daquela que a galera chora e talz - o Macedo pode te dar uns toques. Ahhhh, faz uns templos, sei lá! Acho que umas igrejas seriam legais... Já pensei até no slogan: "Igreja Geruziana do Baião" ou "Igreja Baionistica de Geruz". Vai ficar bacana...
- Mas, senhor. Tenho fome e sede... e não tenho poderes mágicos. Como o senhor quer que faça todos esses milagres?
- Rapaz, isso é mole!
Uma rama do arbusto se esticou até o jovem e lhe deu um tapa na testa, que sua cabeça sacudiu pra tráz. Nesse momento se fez um clarão.
- Prontinho! Poderes magicos funcionando!
- Não sinto nada de diferente... A não ser essa dor na testa! Quais são meus poderes?
- Ah, sei lá... Quer dizer, eu sei, porque sou Onisciente! Bom, vejamos... Você pode... Curar! Você pode curar! Curar cegos com barro e aleijados apenas tocando eles.
- Só isso?
- E também pode... andar... sobre a água!
- Esse parece ser legal! Mas... sem água vai ser foda!
- Depois você testa isso! Você também pode chamar os peixes!
- Massa! Tipo o Aquaman?
- É... mais ou menos. Só funciona se você estiver com pescadores. Mas é legal!
- Mais alguma coisa?
- Hummmm... Você pode ressucitar os mortos!
- Esse é massa! Vou criar um exército de zumbis!
- Boa idéia! Agora, tem um poderes legais pra hora do rango.
- Pô... Boa idéia também. Diga lá, quais são?
- Você pode transformar água em vinho e dividir pão e peixe eternamente!
- Uhuuuuuuu! Nunca mais fico de rangôôôô!
- Claro que não! Num ia deixar filho meu passando fome, né?!
- Pô... Eu sempre quis voar. Rola não?
- Até que rola, mas só mais tarde. Vai ter um lance de crucif... Ah, deixa pra lá. Você vai descobrir!
- E por onde eu começo?
- Siga a direção desse feixe de mi... água!
- Água?! Posso beber?
- Não, idiota! Eu disse pra seguir! Só seguir!

E o jovem seguiu a direção que o feixe de água - com um estranho cheiro de urina - indicava. Muito confuso, ainda com fome e sede, e sem um destino certo, o jovem só pensava na vontade de cagar que acabava de apertar.

Mais uma vez, enquanto observava o rapaz caminhar, fui arremessado novamente. Já tava começando a ficar chateado de ficar sendo sacudido desse jeito. Mas dessa vez foi diferente. Enquanto era arrastado muito rapidamente, via imagens rápidas do rapaz, como flashes. Ele reunindo pessoas, fazendo milagres, sapateando na água, dividindo o pão e o vinho, deixando uma galera chapada a cada festa. Depois vi imagens dele com um chapéu de cangaceiro, desseminando sua palavra pra um grupo cada vez mais de pessoas.

Aos poucos as imagens foram sumindo, uma a uma, eu fui sendo arrastado cada vez mais rápido. Quando não havia mais nenhuma imagem e eu estava sendo arrastado pela escuridão novamente. Senti um impacto, como se tivesse caido de um prédio, e abri os olhos. Estava no meu quarto novamente, sentado na mesma posição de quando comecei. Fiquei olhando ao redor, tentando me situar de onde estava realmente e pensando sobre o ocorrido. Isso foi passado, presente ou futuro? Aonde estará Geruz? Será que esse cara existiu mesmo? Ou ainda está por vir?

Vou continuar consultando minha glândula pineal afim de obter melhores informações sobre fato. Tais mensagens não devem ser esquecidas. Se ele já veio ou ainda vai vir, eu ainda não sei. Mas me sinto contaminado por aquela energia. E sei que, quando vier, eu estarei esperando.

-Sethorus-

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